quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O dia em que meu pai foi embora

Hoje, minha mãe me ligou às 7h30 da manhã, dizendo que iria me dar a cama que ela comprou a apenas uma semana. O negócio é gigante, mal coube em meu quarto. Mas, enfim, com coisa boa a gente se acostuma fácil, fácil.
Quando a cama chegou, me lembrei do meu pai. Ele foi embora há 9 anos. Não, ele não se mudou de cidade, nem se separou da minha mãe (de certa forma sim)... ele morreu. Assim, do nada, como um vento bom que passa e logo a chuva vem. Era uma sexta-feira à noite, quando eu, com 18 anos, estava queimando um incenso na janela. Ele abriu a porta e disse: "O que você tá fazendo menina! Tá fumando?!". Eu ri e falei: "Não pai, é incenso" (eu era meio riponga naquela época). "Tenha juízo, hein!". Foi a última coisa que ele me disse (e que eu estou tentando aprender até hoje).
Depois daquele dia, a minha vida, da minha mãe e dos meus irmãos (o Ví com 15 anos e a Jú com 16) mudou completamente. Parecia haver um buraco gigantesco em casa e dentro de nós. Mas, com o tempo, fomos nos conformando: ele era GRANDE demais para viver entre a gente.
Um dia após a sua morte, eu não conseguia dormir se não fosse no lugar dele na cama, junto com a minha mãe. E acho que até ela também se sentia mais segura. Gostava de sentir o cheirinho dele, sentir que, de certa forma, ele ainda estava ali.
Foi por isso que me lembrei dele quando ganhei a cama gigante. Fiquei pensando que talvez minha mãe não gostou da cama, porque sentiu um vazio, não pelo móvel ser grande, mas porque as coisas materiais não fazem sentido se não estamos perto de quem nos fazem bem. E, com essas pessoas, é possível dormir até no chão.

7 comentários:

  1. PARECE QUE FOI HOJE AMIGA ASSINO EM BAIXO SUAS PALAVRAS BEIJOS

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  2. Amanda:
    Carol....dei uma plhada no seu blog, vc conseguiu me fazer rir e chorar em apenas 3 minutos eu acho....mas as lagrimas foram boas..de saudade...
    (vc escreve bem: e não tô puxando seu saco não.)

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  3. Carol, vim aqui de xereta e estou chorando, de lembrar de como tudo isso aconteceu e ao mesmo tempo em concordar com as suas palavras . . . Ele era mesmo grande, por isso que a lacuna nunca será preenchida...

    Um beijo, Nathalia

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  4. nossa passei por isso hoje e acho ke écomo vc disse...ele era GRANDE demais para viver entre a gente. estou sofrendo mais sei que isso vai passar e vou lembrar só das coisas boas! Linda sua história! Big bejos Karen

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  5. Nossa Gata, doe demais pra mim comentar sobre oque vc escreveu... me lembrei de uma frase(talvez uma das mais importantes de minha vida)...um último "Eu te amo" que falei pra ele no dia 08 de novembro de 1999. Ele chorou (como sempre fazia né)e me deu uma correntinha de presente. Na dedicatória escrita na sacolinha do presente, ele também me pediu pra ter mais juizo. E ainda existem aqueles que acreditam em coincidências.......

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  6. meu pai tbm foi embora, não seu mudou de cidade e nem se separou da minha mãe, mas ele não morreu

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