segunda-feira, 27 de julho de 2009

Quando ele existia

A sibutramina, mais uma vez, me acordou essa madrugada e fiquei lembrando do meu pai. Na verdade, penso nele todos os dias. Lembro quando vejo uma criança gordinha (ele adorava apertar), um cachorro na rua (ele iria levar pra casa), lembro quando vejo meus filhos brincando ou quando percebo algum tipo de preconceito. Queria que pelo menos o João Pedro tivesse conhecido a figura, levá-lo pra soltar pipa no sítio. Já com a Marininha (que tem esse nome por causa dele) ele iria se esbaldar naquelas bochechas.
Meu pai era uma pessoa excêntrica, interessante, louca. Formado em tradução, adorava exibir o seu inglês fluente e tinha resposta pra tudo. Eu podia perguntar quarquer coisa, sobre qualquer assunto, que ele tinha a resposta ou, se não tivesse, pesquisava pra me responder.
Outra característica marcante era a sinceridade. Se ele gostava, beleza, mas se não curtia uma pessoa, dizia na lata, mandava embora de casa... minha mãe passou por cada uma...
Uma das coisas que eu mais adoro é quando alguém me pergunta sobre ele. Sou capaz de ficar horas contando tudo o que ele fez, como ele era, quem ele ajudou, a quem ele desagradou, por que e como ele foi embora... Esse ano irá fazer 10 anos que ele morreu e parece que ele ainda tá aqui dando aquela risada super alta e cantando aquela musiquinha de som estranho que só ele entendia. Um dia, quem sabe, eu possa ouvi-la mais uma vez.